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Ordem do Mérito Cultural 2008

Ordem do Mérito Cultural 2008 homenageia personalidades, instituições e grupos artísticos

É praticamente impossível darmos a dimensão exata da importância
de cada um dos agraciados [da Ordem do Mérito Cultural 2008]
na missão incansável de fazer da cultura brasileira uma
das mais ricas, plurais e diversas do planeta
.”
Atriz Camila Pitanga

O imponente Theatro Municipal do Rio de Janeiro abrigou – na noite do dia 7 de outubro, terça-feira – a 14ª edição da Ordem do Mérito Cultural, que teve como tema central Homenagem a Machado de Assis, assinalando o centenário de morte do maior expoente das letras nacionais e um dos mais expressivos da literatura mundial.

No palco, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, os mestres de cerimônia Camila Pitanga, atriz, e Sérgio Mamberti, ator e secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, 28 personalidades que estavam sendo condecoradas, 11 familiares dos homenageados, sendo que desses nove in memoriam, e representantes de grupos artísticos, iniciativas e instituições que se destacaram por suas contribuições à cultura.

Na platéia, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, dirigentes do ministério e de suas instituições vinculadas, produtores culturais, familiares dos condecorados, imprensa e público em geral. Compareceram à solenidade, entre outros, os atores Gracindo Jr, Othon Bastos, Antônio Fagundes, José de Abreu, Hugo Carvana, Guilherme Fontes; as atrizes Fernanda Montenegro, Tereza Rachel, Suzana Vieira, Françoise Forton, Lady Francisco, Letícia Spiller e Zezé Motta; a juíza Denise Frossard; os cineastas Luiz Carlos Barreto, Tetê Moraes, Nelson Pereira dos Santos e Luiz Carlos Lacerda, o Bigode; a ex-deputada e ex-governadora Benedita da Silva; e a cantora Beth Carvalho.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não compareceu ao evento, pois ficou retido na base aérea de Santa Cruz por motivo de mau tempo. “Infelizmente o presidente Lula não pôde vir. A segurança considerou uma temeridade que ele se deslocasse sem todas as condições de segurança”, explicou o ministro da Cultura.

Políticas Públicas

Juca Ferreira ressaltou que nos últimos anos o Ministério da Cultura ganhou notoriedade no mundo pela defesa de posições avançadas e democráticas. “Foi na gestão dessa grande figura clarividente e ousada, desse visionário Gilberto Gil, que a cultura começou a ser olhada de um modo diferente, estrutural. Hoje a minha responsabilidade pública é enorme, pois tenho que seguir os caminhos generosos abertos por Gil: gerir uma instituição reconhecida no Brasil e no mundo. Não somos mais uma pasta de governo relegada a acomodações políticas e a composições de última hora. O Ministério da Cultura que emergiu no Governo Lula é a possibilidade viva de que a cultura torne-se um bem comum da sociedade brasileira.”

E completou: “Quero aproveitar esse momento de atribuição de uma Ordem da República, para aqueles que se destacaram pelo seu mérito cultural, para reafirmar nossos compromissos com os cidadãos, com artistas e produtores culturais, garantindo a continuidade de políticas públicas criadas nos últimos anos, pois tenho o objetivo de fortalecer institucionalmente esse Ministério para que tornemos irreversíveis as conquistas históricas de toda a nossa sociedade. Acredito que para tanto o nosso instrumento de trabalho será fundamentalmente o diálogo. Repito o que disse no ato da minha posse: minha gestão será marcada pelo diálogo, diálogo e diálogo”.

Destacou, ainda, que o Programa Mais Cultura, da Agenda Social do Governo Federal, está na ordem do dia e “foi abraçada por governadores, secretários de Cultura, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado da República” e que a reforma da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, é um compromisso de sua gestão. Segundo o ministro, o Estado quer dar ao mecanismo fiscal uma estrutura capaz de gerar “a tão desejada sustentabilidade da vida cultural do país, além do marketing e da publicidade”. “A secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, pediu que eu dissesse que este teatro [Theatro Municipal do Rio de Janeiro] está sendo recuperado pela Lei Rouanet. Estão sendo investidos aqui R$ 50 milhões. BNDES, Petrobras, Eletrobrás e outras empresas estão contribuindo através desse mecanismo que tem conseguido canalizar recursos importantes para o investimento na cultura”, afirmou.

Para Juca Ferreira é necessária uma profunda reforma na Fundação Nacional de Artes (Funarte), “fazendo dela uma instituição ao mesmo tempo de vanguarda e de alcance nacional”. Aplaudido, lembrou que já foram recuperados o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e as fundações Cultural Palmares, Biblioteca Nacional e Casa de Rui Barbosa. “E vamos levar essas conquistas todas para mais longe ainda. Vamos erguer a nova Funarte gerando suporte efetivo à forma simbólica no teatro, na música, nas artes visuais, na fotografia, na dança e no circo. É preciso recuperar essa instituição dando a ela algo que esteja à altura do presente histórico da sociedade atual.”

Leia o discurso do ministro da Cultura.

Por sua vez, o secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, que é conselheiro da Ordem do Mérito Cultural, enfatizou a importância da atividade cultural e elogiou o trabalho do MinC. “Quero dizer de todo o esforço do Ministério da Cultura na preservação do nosso acervo cultural nas suas mais variadas manifestações, desde suas características físicas, mas também do patrimônio cultural imaterial.” E finalizou, dizendo que “sem cultura não sabemos quem somos, e com cultura sabemos quem somos e o que seremos”.

Festa da Cultura Brasileira

O ministro Juca Ferreira e o secretário Samuel Pinheiro fizeram a entrega das medalhas num espetáculo intermediado pela música ao vivo da Orquestra Sinfônica Heliópolis, sob a regência do maestro Roberto Tibiriçá, e exibição no telão de vídeos e fotos relacionados aos premiados e suas obras.

Na abertura, um momento raro: o Hino Nacional cantado à capela por Elza Soares. Ao longo do evento, o público presente também pôde assistir a apresentações da cantora argentina Mercedes Sosa, do repentista Bule Bule, da tocadora de pífano Zabé da Loca, do braker Nelson Triunfo, do violeiro Roberto Corrêa, do cineasta, cantor e compositor Sérgio Ricardo, e do instrumentista Paulo Moura. Além disso, houve uma encenação do Coletivo Nacional de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e uma apresentação do Grupo Giramundo Teatro de Bonecos com um fantoche do presidente Lula.

O cineasta, ator e compositor Ruy Guerra foi o orador dos homenageados e iniciou seu pronunciamento dizendo: “Não tenho talento e nem procuração para representar tantos e tal universo de artistas”. O moçambicano lembrou que este ano faz exatos 50 anos que ele escolheu o Brasil como pátria e mátria cultural, como terra dos seus amores, como terra dos seus dizeres.

Em discurso elogiadíssimo, ressaltou, ainda, que “a arte é antes de tudo uma necessidade do ser humano, como a água, o sexo, o amor. A arte, em todas suas formas de expressão, é o espelho de um povo. Mas não se iludam. É também da natureza do artista a indignação, a revolta, o inconformismo, a busca incessante dos territórios da dor e da alegria, da imagem, do gesto, do som, da palavra incerta, transformadora”. Leia o discurso na íntegra.

Temas da 14ª Edição

A 14ª edição da Ordem do Mérito Cultural foi dedicada ao maior expoente da literatura em língua portuguesa, um dos escritores mais expressivos e respeitados no mundo: Machado de Assis. “O ‘Bruxo do Cosme Velho’, como era carinhosamente chamado por Carlos Drummond de Andrade”, lembrou Camila Pitanga.

“Não poderíamos também deixar de prestar nosso tributo ao dramaturgo Artur Azevedo. Um dos pioneiros do teatro no Brasil. Empenhou-se com fervorosa paixão nas campanhas para fundação de um teatro brasileiro sólido. O Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que nos recebe esta noite e que no próximo ano completará 100 anos, talvez seja a maior contribuição de Artur Azevedo para nosso teatro, ou pelo menos tão importante quanto sua obra como dramaturgo”, disse a atriz. Sérgio Mamberti sinalizou: “por estranha ironia, ambos morreram em 1908″.

Também foi comemorado o cinqüentenário da Bossa Nova. “Meio século depois do surgimento da Bossa Nova, continuamos a ouvir e interpretar suas canções, continuando a reverenciar artistas como João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, Johnny Alf, Nara Leão, Silvinha Teles, Sérgio Ricardo”, destacou o secretário da Identidade e da Diversidade Cultural.

Os mestres de cerimônia lembraram, ainda, dos 40 anos do movimento da Resistência Cultural: “Queremos, acima de tudo neste momento, prestar nossa homenagem e o nosso reconhecimento a todos aqueles que combateram pelo restabelecimento da democracia e permitiram que hoje pudéssemos comemorar também os 30 anos do fim da censura no país”.

Outro tema importante da história do país abordado foi o Tropicalismo, “uma revolução que não se limitou ao ambiente musical. A Tropicália deixou sua influência no comportamento, no figurino, na política e na moral de toda uma época”, relembrou Mamberti. “Reprimido pelo regime militar, o movimento tropicalista resistiu um pouco mais de um ano, mas a música e os hábitos desse país nunca mais foram os mesmos depois dele”, finalizou Camila Pitanga.

Confira a Galeria de Fotos.

Veja, abaixo, a lista completa dos homenageados de 2008:

  • Altemar Dutra, in memoriam
  • Athos Bulcão, in memoriam
  • Dulcina de Moraes, in memoriam
  • Guimarães Rosa, in memoriam
  • Hans-Joachim Koellreutter, in memoriam
  • Marcantonio Vilaça, in memoriam
  • Otávio Afonso, in memoriam
  • Paulo Emilio, in memoriam
  • Pixinguinha, in memoriam
  • Ailton Krenak
  • Anselmo Duarte
  • Benedito Ruy Barbosa
  • Bule Bule
  • Carlos Lyra
  • Claudia Andujar
  • Edu Lobo
  • Efigênia Ramos Rolim
  • Elza Soares
  • Emanoel Araujo
  • Eva Todor
  • Goiandira do Couto
  • João Candido Portinari
  • Johnny Alf
  • Leonardo Villar
  • Maria Bonomi
  • Marlene
  • Mercedes Sosa
  • Milton Hatoum
  • Nelson Triunfo
  • Orlando Miranda
  • Paulo Moura
  • Roberto Corrêa
  • Ruy Guerra
  • Sérgio Ricardo
  • Tatiana Belinky
  • Teresa Aguiar
  • Vicente Juarimbu Salles
  • Zabé da Loca
  • Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa)
  • Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT)
  • Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
  • Associação Comunidade Yuba
  • Centro Cultural Piollin
  • Coletivo Nacional de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
  • Giramundo Teatro de Bonecos
  • Instituto Baccarelli
  • Mestres da Guitarrada
  • Música no Museu
  • Quasar Cia de Dança

Confira, também, o perfil dos homenageados.

  • A atriz Judith Malina, condecorada em 2007, recebeu a insígnia este ano, durante a cerimônia.

(Texto: Carol Lobo, Comunicação Social/MinC)
(Fotos: Marcelo Hollanda)

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