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Fotos roubadas da Biblioteca Nacional são tema de livro

O Estado de S.Paulo, Caderno Metrópole, por Clarissa Thomé, em 24/02/2010

RIO
As imagens estão amareladas pela ação do tempo. Algumas têm as bordas cortadas. Outras exibem marcas de tinta ou foram lixadas. Inscrições foram apagadas. E é essa arte mutilada que a artista plástica Rosângela Rennó faz questão de exibir no livro 2005- 510117385-5.

A publicação traz as fotografias recuperadas do furto ocorrido na Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional, em 2005, durante uma greve de servidores públicos. Mas, em vez de ver o Brasil do século 19 registrado por nomes como Marc Ferrez, o inglês Benjamin R. Mulock e o português Joaquim Insley Pacheco, o leitor terá o verso das imagens ? ou o que sobrou daquelas que não puderam ser comercializadas.

“A imagem não está na sua íntegra. O que me interessa é mostrar o que aconteceu com esse objeto. É reforçar a ideia do apagamento, da amnésia desse acervo”, explica Rosângela. Ela lembra que a maioria das fotografias, antes de sofrer com o vandalismo, foi digitalizada e está disponível em acervos como o do Instituto Moreira Salles. “Aqui o que me importa não é a imagem registrada por Marc Ferrez, mas o dano ao patrimônio.”

As imagens furtadas integravam a coleção dona Thereza Christina Maria, que pertenceu ao imperador d. Pedro II e foi doada à Biblioteca Nacional após a proclamação da República.

Das 751 imagens levadas, 101 foram devolvidas pelos mais diferentes meios ? encaminhadas pelo Ministério Público, por Sedex e até por uma vendedora de uma feira de antiguidades da Praça XV. A forma como as fotografias voltaram ao arquivo público também está registrada no livro, que tem por título o número do inquérito policial ainda não concluído sobre o furto das imagens.

O projeto de Rosângela foi um dos dez selecionados dentro do edital Arte e Patrimônio 2009, iniciativa do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e do Paço Imperial, com financiamento da Petrobrás.

A artista recebeu R$ 90 mil. Foram produzidos 500 exemplares, para distribuição gratuita a bibliotecas. Foi impressa ainda uma edição limitada, em formato de álbum, com as pranchas soltas, que também não está à venda.

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