Ministério da Cultura - MinC » funarte http://www.cultura.gov.br/site Ministério da Cultura do Brasil - www.cultura.gov.br Wed, 19 Jan 2011 22:13:01 +0000 en hourly 1 http://wordpress.org/?v=3.0.1 Artes Plásticas do Centro-Oeste http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/18/artes-plasticas-do-centro-oeste/ http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/18/artes-plasticas-do-centro-oeste/#comments Tue, 18 Jan 2011 21:12:51 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=112139

Adir Sodré está entre os convidados do 1º Salão de Arte Contemporânea

Luiz Fernando Vieira

Da Redação

O artista plástico mato-grossense Adir Sodré é um dos convidados do 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste, que será lançado hoje pelo Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG). A mostra, que ocorrerá no período de 28 de abril a 17 de junho deste ano, contará com trabalhos de artistas convidados e selecionados e visa promover uma amostragem panorâmica, incentivando, subsidiando e legitimando a atual produção da região.

Adir é um velho conhecido dos goianos e sua arte por várias vezes foi reverenciada naquele Estado. Em 1981, ele foi um dos destaques do I Salão Regional de Arte (dedicado aos artistas do Centro-Oeste), que foi montado no Centro Municipal de Cultura do Bosque dos Buritis. É dessa época a série em óleo sobre tela “Açougue Brasil“. A “Açougue Brasil I” e a “Açougue Brasil II” hoje fazem parte do acervo Museu de Arte de Goiânia, a segunda premiada naquela oportunidade.

O evento, diga-se, foi bastante proveitoso para a arte mato-grossense, pois também foram contemplados outros importantes nomes do Estado, como Alcides Pereira dos Santos, Gervane de Paula e Nilson Pimenta.

O pintor rondonopolitano também ficou com o prêmio de Melhor Obra na I Bienal de Artes de Goiás, realizada em 1988, no Museu de Arte Contemporânea de Goiás.

É interessante verificar que a obra de Adir dividiu espaço com a de Carlos Sena Passos, que é curador do 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste. Professor e mestre em Arte Publicitária e Produção Simbólica pela USP, esse baiano de Mairí vive e trabalha em Goiânia desde 1973, atuando como artista plástico desde 1980.

Como será? – O 1º Salão tem o seguinte formato: serão selecionados 20 artistas com obras nas categorias desenho, gravura, pintura, escultura, objeto, instalação, fotografia, vídeo-arte e performance. Os selecionados recebem pela participação o pró-labore no valor de R$ 2 mil, e concorrem a quatro (04) premiações no valor de R$ 10 mil. As obras premiadas passam a integrar o acervo artístico da UFG.

Para completar a amostragem e ampliar a reflexão sobre o percurso da linguagem contemporânea no Centro-Oeste, quatro (04) artistas (um de cada unidade) são convidados hors concours a participar da exposição devido à importância de suas obras e ao mérito de suas trajetórias em seus respectivos locais de atuação.

As comissões de seleção e de premiação serão constituídas por profissionais especializados (curadores, pesquisadores e críticos de arte) vindos de Goiânia (GO), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). O 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste será documentado em catálogo criteriosamente projetado e com distribuição gratuita, e desenvolverá um programa de ação educativa que visa estimular o público para discutir questões contidas nas obras expostas.

A exposição ocorre no recentemente inaugurado (09 de dezembro) Centro Cultural da UFG, dirigido por Carlos Sena. É um espaço da Pró-reitoria da Extensão e Cultura da instituição e conta, entre outros espaços, com salas de exposição, teatro e livraria.

O projeto do 1º Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste foi premiado pelo Edital de Apoio a Festivais de Fotografia, Performance e Salões Regionais, da Fundação Nacional de Arte (Funarte), órgão do Ministério da Cultura (MinC), e é de autoria do curador Carlos Sena Passos.

Serviço – As inscrições serão abertas hoje e poderão ser feitas até 28 de fevereiro deste ano. Mais informações podem ser obtidas no Centro Cultural UFG, avenida Universitária, 1533, Setor Universitário, Goiânia, ou pelo telefone (62) 3209-6251.

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Cultura do Estado já conseguiu R$ 8,5 milhões em quatro anos http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/18/cultura-do-estado-ja-conseguiu-r-85-milhoes-em-quatro-anos/ http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/18/cultura-do-estado-ja-conseguiu-r-85-milhoes-em-quatro-anos/#comments Tue, 18 Jan 2011 16:45:07 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=112091


A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, presidida pelo professor Américo Calheiros, viabilizou nos últimos quatro anos vários recursos para atender os projetos que contemplam o segmento.

Os recursos são parcerias com a União (Ministério da Cultura, Funarte e Iphan), que totalizam quase R$ 8,5 milhões, sendo R$ 6.103.232,28 de recursos federais, R$ 2.189.0722,00 de contrapartida do governo estadual e mais R$ 200 mil em parceria com o Sebrae/MS.

O montante viabilizado pela FCMS possibilita o desenvolvimento de projetos de maior envergadura cultural e artística no Estado, como a implantação de 30 Pontos de Cultura, com recursos que somam R$ 5,4 milhões, sendo R$ 1,6 milhões de contrapartida estadual.

Os recursos aplicados em parceria entre União e governo do Estado também garantiram a realização do Programa Interação. Foram investidos R$ 1.112.500,00 no projeto, sendo R$ 890 mil transferidos pela Funarte (Fundação Nacional de Artes) e R$ 222.500,00 de contrapartida do governo estadual.

PROJETO DE DESTAQUE – O Projeto Interação promoveu uma verdadeira revolução no campo da capacitação técnica nas áreas da arte e da cultura em Mato Grosso do Sul, promovendo no período de março a novembro do ano passado, 33 cursos em Campo Grande e 150 distribuídos em nove cidades pólo do Interior. Foram 183 cursos que dinamizaram a arte e a cultura sul-mato-grossense. Teatro, dança, música, artes visuais e audiovisual foram abordados por professores vindos de diversos estados brasileiros em sua primeira etapa. Na segunda parte, professores formados em Mato Grosso do Sul difundiram o conhecimento para todo o Estado. Continua na página 4.

“Havia uma demanda reprimida há muitos anos nessa área. O Projeto Interação conseguiu supriu esta falta”, garante Américo Calheiros, presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, lembrando que a capacitação e os bons projetos estão fazendo a diferença.

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Ministra da Cultura visita o Rio acompanhada de Pezão http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/11/ministra-da-cultura-visita-o-rio-acompanhada-de-pezao/ http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/11/ministra-da-cultura-visita-o-rio-acompanhada-de-pezao/#comments Tue, 11 Jan 2011 13:54:13 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=111342 A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, fez hoje sua primeira viagem oficial depois de assumir o cargo, há dez dias, e escolheu o Rio de Janeiro para a visita. Acompanhada pelo vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), a ministra conheceu projetos culturais no Complexo do Alemão e anunciou a criação de dois Pontos de Cultura na localidade. Além de Pezão, a secretário de Cultura, Adriana Rattes, também participou do evento.

Ana contou que decidiu fazer no Complexo do Alemão sua primeira agenda oficial pela carga simbólica que a pacificação do lugar representa no próprio país.- A primeira visita minha tinha de ser aqui no Complexo do Alemão para que todo o país, que acompanhou a conquista do território pelo poder público, veja como é possível a cidadania vencer contra todo tipo de dificuldades. Foi uma grande vitória da sociedade em parceria com o Estado pela paz.

A cultura está ligada à paz de todas as formas. Vim ver o trabalho que já era realizado por pessoas dedicadas, apesar de enfrentar enorme resistência. Agora, com esses pontos de cultura, os governos federal e estadual, num esforço conjunto, contribuirão para o fortalecimento desses projetos – explicou a ministra. O vice-governador ressaltou a importância da parceria entre os dois governos na área da cultura. Para ele, “o Estado precisa entrar com segurança e a forma de paz, mas, antes de tudo, com cultura, saúde e educação”.

- Ter esta parceria com o Ministério da Cultura, tão bem realizada pela nossa secretária Adriana Rattes, é extraordinário. Vamos ganhar a guerra assim, com o governo federal, o governo do estado e a prefeitura entrando e dominando os territórios dominados pelo crime, mas principalmente através da cultura- enfatizou Pezão.
Segundo Adriana Rattes, o ‘Pontos de Cultura” é um programa que conta com recursos tanto federais como estaduais.

No Estado do Rio, há cerca de 300 pontos de cultura. Os dois do Alemão são os primeiros a serem abertos nesse complexo. Cada instituição receberá do Ministério da Cultura recursos no valor de R$ 180 mil, divididos em três parcelas anuais de R$ 60 mil, para desenvolver ações de diversas naturezas dentro das comunidades do complexo.

O roteiro da comitiva terminou numa visita à estação final do teleférico no Morro da Fazendinha. Na estação, explicou Adriana, vai funcionar um grande centro cultural.

- Em todas as estações do teleférico, a Secretaria de Cultura terá um pequeno espaço, uma espécie de posto avançado de bibliotecas, pontos de leitura, computador para consulta de acervos, lugar para devolução ou recebimento de livros. Mas, aqui, na Fazendinha, será um grande centro cultural, uma espécie de usina de cultura, lugar para residência e trocas de artistas da Zona Norte com os da região, trabalhando em projetos comuns, haverá estúdios de som e audiovisual, ateliês de arte, locais para apresentação, inclusive ao ar livre, exibição de filmes e vídeos. Enfim, um sem número de atividades – detalhou a secretária.

Também compuseram a comitiva o presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop), Ícaro Moreno Júnior, responsável pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no complexo, o futuro presidente da Funarte, o ator Antônio Grassi, e líderes comunitários.

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Irã veta livros de Paulo Coelho http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/11/ira-veta-livros-de-paulo-coelho-2/ http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/11/ira-veta-livros-de-paulo-coelho-2/#comments Tue, 11 Jan 2011 13:37:52 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=111324 Escritor brasileiro denuncia censura pelo governo, e editor iraniano alega perseguição

Guilherme Freitas

O escritor Paulo Coelho anunciou ontem em seu blog () que o governo iraniano teria proibido seus livros no país. O autor de “O alquimista” publicou no site um email em que seu editor iraniano, Arash Hejazi, avisa que “o Ministério da Cultura e Orientação Islâmica do Irã baniu todas as suas obras” e que “nenhum livro com o nome de Paulo Coelho terá mais publicação autorizada no Irã”. O editor atribui a informação a uma fonte no ministério. O governo iraniano não se manifestou sobre o assunto ontem.

Em entrevista ao GLOBO por email, Hejazi relaciona a proibição com a perseguição que tem sofrido desde que testemunhou o assassinato de Neda Agha-Soltan em Teerã, em junho de 2009, durante os protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinedjad, acusado de fraude pela oposição. Formado em Medicina, ele estava perto de Neda no momento em que foi baleada, e pode ser visto tentando socorrê-la no vídeo que registrou a morte da ativista. O vídeo ganhou repercussão mundial na época, tornando-se símbolo da repressão no Irã. Depois disso, Hejazi se exilou em Londres, onde vive até hoje. De lá, soube que sua editora, a Caravan Books, foi fechada pelo governo no ano passado. Ele acredita que as manifestações de Coelho a seu favor provocaram a censura.

- Todos que comentaram sobre a morte de Neda ou outras mortes que ocorreram no mesmo período sofreram imensamente. Precisei deixar o país por segurança e a Caravan Books foi fechada por ordem do Ministério da Cultura, apenas porque testemunhei aquele crime horrível. Agora, parece que Paulo Coelho está pagando o preço por te me defendido naquela situação. Ele foi uma das primeiras pessoas a me identificar no vídeo. Paulo também já se manifestou a favor de Shirin Ebadi, a vencedora do Nobel da Paz de 2003, exilada por suas críticas à situação dos direitos humanos no Irã. Sua popularidade no país também pode ser uma questão. Minha experiência diz que este governo detesta qualquer um que é extremamente popular e não está sob seu controle – avalia Hejazi.

Os livros de Paulo Coelho são traduzidos no Irã desde 1998 e o autor estima já ter vendido seis milhões de exemplares no país, que tem uma população de cerca de 70 milhões de pessoas. Em entrevista ao GLOBO por email, o escritor prefere não especular as razões da proibição, mas se mostra otimista:

- Não existe nenhuma lógica por trás do que aconteceu: manter os livros editados por tantos anos e, da noite para o dia, proibi-los. Tenho muita esperança de que a situação seja revertida daqui até o final da semana – diz Coelho, que esteve no Irã em 2000, naquela que foi a primeira visita de um escritor não-muçulmano ao país depois da Revolução Islâmica de 1979. – Quando aceitei a visita, o grande motivo foi manter viva a ponte cultural com o país. Continuo achando que a cultura, de uma maneira geral, é um dos poucos canais de comunicação que temos hoje – estima Coelho.

Informada sobre o caso durante uma visita a projetos do governo federal no complexo do Alemão ontem, a ministra da Cultura, Ana de Holanda, disse considerar qualquer tipo de censura “lamentável”. Ela anunciou que conversaria com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, sobre a situação de Coelho. O presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Antonio Grassi, que acompanhou a ministra na visita, classificou a decisão iraniana de “absurda”.

Autor permite e-books gratuitos

Coelho agradeceu as manifestações de apoio do governo brasileiro e disse ter recebido diversas mensagens de solidariedade de leitores iranianos pelo Twitter ao longo do dia. Para contornar a proibição, o escritor autorizou seu editor a distribuir os títulos gratuitamente pela internet no formato de e-books (de todo modo, Coelho não recebe direitos autorais pelos livros vendidos no Irã, pois o país não é signatário da Convenção de Berna, que regula a propriedade intelectual de obras artísticas). Hejazi acredita que a internet pode ser uma ferramenta importante nesse caso:

- Coelho é um dos autores mais vendidos no Irã e já recebi muitas mensagens de leitores perguntando sobre a proibição. Comercializar e-books ainda não é possível no país, pois o Irã não está conectado aos sistemas bancários e crediários internacionais. Mas se colocarmos os livros à disposição dos leitores, de graça, centenas de milhares de pessoas vão baixá-los. Apesar dos filtros na Internet, a população iraniana tem nela um meio de comunicação vital – observa Hejazi.

O editor minimiza o fato de o governo iraniano não ter se manifestado oficialmente sobre a proibição dos livros de Paulo Coelho. Hejazi lembra que, no mercado editorial, o controle governamental se dá sobretudo através das “Permissões de Pré-Publicação”, uma sanção emitida pelo Ministério da Cultura e Orientação Islâmica para as editoras apenas depois de um minucioso escrutínio de cada obra.

- Nenhuma censura no Irã é oficial. Tudo é comunicado verbalmente, pois a censura contraria as obrigações internacionais do país. Apesar do controle rígido da mídia impressa e online, o governo sempre negou praticar qualquer tipo de censura, especialmente o sistema de Permissões de Pré-Publicação para os livros. A implementação de um sistema tão complexo, que garante que nenhuma ideia desagradável para o sistema alcance o público e ao mesmo tempo não deixa rastros disso, faz com que seja difícil até mesmo provar que isso é um ataque à liberdade de expressão.

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Arte na prateleira http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/07/arte-na-prateleira/ http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/07/arte-na-prateleira/#comments Fri, 07 Jan 2011 16:58:10 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=111034 Com a produção contemporânea brasileira em alta, livros sobre artistas conquistam o mercado e atraem novas editoras

As prateleiras das melhores livrarias do país atestam: 2010 foi um ano profícuo para os livros de arte. Antes consideradas itens de luxo, as edições dedicadas ao tema têm se multiplicado entre editoras especializadas e não especializadas em arte, muitas delas recém-nascidas. Criada exclusivamente para as artes visuais, em 1997, a pioneira Cosac Naify se diversificou, ganhou a companhia da Barléu, em 2002 (até hoje apenas dedicada ao assunto), e hoje divide espaço com editoras como Cobogó, TIX, Vaivem e Circuito – voltadas para temas como arte, arquitetura e cultura contemporânea.

Para os novos editores e os que estão há mais tempo no setor, o aumento do interesse pelo assunto e a visibilidade internacional da arte brasileira são os principais motivos pelos quais as caprichadas publicações de arte, muitas bilíngues, ganharam popularidade.

- Existe um boom da arte contemporânea brasileira, não só no Brasil como no mundo – afirma Isabel Diegues, editora da Cobogó, criada com Ricardo Sardenberg, em 2008, para livros de arte e cultura contemporânea. – Cresceu o interesse das livrarias, e o livro se tornou um bom presente para quem gosta de arte mas não pode colecionar. Percebi isso no lançamento da edição sobre a Adriana Varejão. Hoje também há um interesse maior na ideia do livro, do conhecimento de maneira geral, com o surgimento de muitos locais de cursos, como a Casa do Saber, o Pop, a Escola São Paulo. O livro de arte vai nesse caminho.

O editor Carlos Leal concorda. Em 2002, ele criou a Barléu, um braço da Francisco Alves exclusivamente para livros de arte. Além de ver um crescimento gradativo do interesse pela arte contemporânea brasileira, ele considera que as mudanças na Lei Rouanet em 2010 agilizaram a aprovação dos projetos. No ano passado, a Barléu publicou um livro de fotografias e outro sobre a arte dos anos 80, e teve uma série de projetos aprovados pela lei para 2011, como edições sobre a artista plástica Cristina Canale, sobre artistas surgidos nos anos 90 e monografias de Iole de Freitas, Niura Bellavinha, Paulo Pasta e José Bechara.

- A Lei Rouanet foi fundamental para as artes plásticas no Brasil. Há 15 anos, a produção era desconhecida do grande público – afirma Leal. – Ainda há muitas lacunas, mas no ano passado melhorou muito, sobretudo o trâmite dos projetos. Hoje, eles são aprovados em cerca de quatro meses e podem ser acompanhados pela internet, o que dá mais transparência ao processo. Mas ainda precisamos de uma comunicação permanente com o Ministério da Cultura.

Para o editor, é inviável produzir publicações caprichadas, com boas imagens e impressão, sem que o projeto passe pela Lei Rouanet. Mas, apesar de ser o principal meio para conseguir financiar livros de arte, o incentivo fiscal concedido pela lei não explica por si só a variedade de edições que se veem nas livrarias. Segundo Isabel Diegues, o aumento das contrapartidas exigidas pela lei nos últimos anos – como mais exemplares a serem cedidos para bibliotecas – afasta certos patrocinadores, que preferem financiar espetáculos e exposições de maior publicidade.

Por isso, a Cobogó varia sua forma de produzir publicações, e vem travando parcerias com instituições, como no caso do livro sobre Rivane Neuenschwander, feito com o New Museum, em Nova York, onde a artista expôs no ano passado. O Ministério da Cultura não sabe exatamente quantos livros especificamente de arte foram contemplados pela lei nos últimos anos. Mas a demanda cresceu tanto no setor de artes visuais (foram 546 projetos apresentados em 2010, contra 308 em 2009) quanto no setor de edição de livros (1.107, contra 825).

- Estamos qualificando nosso sistema de busca de projetos para conseguir informações mais organizadas, relatórios mais precisos sobre a demanda, em que o ministério possa se basear para criar novas políticas para a cultura- afirma Henilton Menezes, secretário de Fomento e incentivo à cultura do Ministério da Cultura. – Também queremos oferecer esse sistema para as redes estaduais. O Rio já fez esse pedido.

Outra forma de financiamento que vem sendo usada pelas editoras são os editais da Funarte. Com a criação de um conselho editorial, em 2009, o órgão decidiu arriscar uma publicação mais ousada: o livro-caixa de Regina Vater, editado em parceria com a editora Aeroplano, e lançado em dezembro do ano passado. É o início de uma série de publicações editorialmente mais elaboradas.

- É um livro completamente diferente, um livro de artista. Ele é acondicionado em folhas soltas, numa caixa, não é encadernado. Não temos referência de um livro como esse nos últimos dez anos na Funarte  – afirma o diretor de Artes Integradas da instituição, Tadeu Di Pitero, responsável pelas Edições Funarte.

Criada em outubro de 2010, a editora Circuito, que já lançou livros de poesia e coleções sobre DJs e coletivos de arte, também foi beneficiada por editais da Funarte para realizar o livro “Passagem secreta”, sobre a artista plástica Brígida Baltar, e para o lançamento da revista de arte bimestral “Bola”, este ano.

- Existe demanda, porque a arte brasileira cresceu muito. Tenho vontade de fazer publicações bilíngues e para e-books, para apresentar a obra dos artistas com os recursos que a internet pode oferecer – diz Fernanda Gentil, diretora e uma das editoras da Circuito.

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Cautela na hora de falar de projetos http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/31/cautela-na-hora-de-falar-de-projetos/ http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/31/cautela-na-hora-de-falar-de-projetos/#comments Fri, 31 Dec 2010 13:02:59 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=110501 A sexta dos sete filhos do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da dona de casa Maria Amélia, a “Memélia”, disse que recebeu o apoio da família desde o início das sondagens para que assumisse o Ministério da Cultura, há cerca de 10 dias, mas voltou a refutar qualquer interferência do irmão mais famoso, Chico Buarque.

- Não tem nada a ver. A presidente foi muito clara comigo: (o convite) foi pelo meu trabalho. Ela sabia do meu trabalho na Funarte, que deu muito certo – contou Ana, em sua primeira entrevista coletiva à imprensa, quarta-feira passada, no Rio. – Com uma presidente mulher, ela poderá mostrar o potencial da mulher como gestora. A cultura é uma área em que a mulher já tem presença muito grande.

Para boa parte das perguntas, a resposta da nova ministra – que havia estado apenas uma vez com Dilma, antes do convite – era na linha “ainda preciso analisar”. Mas, a despeito da escolha cuidadosa de palavras, ela admitiu que baixará o mastro das duas principais bandeiras do atual Ministro, Juca Ferreira: as reformas da Lei Rouanet, já no Congresso, e da Lei do Direito Autoral. Sobre esta última, admitiu:

- É uma questão polêmica, tanto que o ministério segurou o texto. Vamos ter de revê-la. Não podemos ser radicais. A flexibilização do Direito Autoral já existe na prática. Um artista pode liberar suas músicas, mas não podemos abrir mão do Direito Autoral.

Ana mostrou ter uma posição bastante diversa daquela da atual gestão no que diz respeito ao Escritório Central de Arrecadação de Direitos (Ecad), duramente criticado pelo MinC.

- Não vejo a possibilidade de subordinar uma entidade de classe ao poder executivo – disse, num dos raros momentos enfáticos de sua fala.

Ela também deixou em suspenso o destino da reforma da Lei Rouanet.

- É outra questão polêmica. Já ouvi queixas raivosas contra a mudança e já ouvi elogios. Não vou buscar a lei no Congresso porque não tem como tirar, mas temos de acompanhá-la e saber que emendas vamos defender.

A ministra tornou público o interesse em contar com Antonio Grassi, que saiu do ministério brigado com Gil.

- Ele é um quadro maravilhoso. Puxa tudo para a frente.

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Caravana de brinquedo http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/30/caravana-de-brinquedo/ http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/30/caravana-de-brinquedo/#comments Thu, 30 Dec 2010 14:08:27 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=110420


Comandada pela diretora e atriz Eliana Carneiro, viagem por cidades do interior de Goiás levou música e teatro para as comunidades

» Mariana Moreira

Fim de semana em uma cidadezinha do interior. Um ônibus antigo, todo colorido, para na praça central e dele saem figuras incríveis, personagens vindos do sonho de qualquer criança, maquiados, vestindo retalhos, trajes de chita, pernas de pau, transbordando de histórias para contar e experiências para dividir com a meninada local. Com pequenas variações, essa cena se repetiu em nove cidades de Goiás e Mato Grosso do Sul, entre os meses de setembro e novembro.

Os artistas mambembes são integrantes da companhia Os Buriti, que se mudaram de mala, cuia e figurinos para o caminhão-palco-camarim. Enquanto durou a Caravana Buriti – arte, educação e saúde na estrada, eles rodaram cidades do Centro-Oeste para ministrar oficinas de dança, teatro, música e circo, além de apresentar espetáculos e atividades interativas nas escolas locais. A peripécia foi filmada, está em fase de edição e deverá, em breve, ser transformada em documentário.

A dona da ideia é a bailarina, diretora e professora Eliana Carneiro, da companhia de teatro-dança Os Buriti, que acumula décadas de dedicação à arte-educação. O sonho de levar inspiração e criatividade a lugarejos remotos começou há anos, quando sua trupe integrou o Projeto Conexão Cultural, que convidou artistas de todos os cantos do país para se apresentar em um caminhão, onde houvesse gente para assistir. A essa vontade, Eliana adicionou a constatação de que existe um despreparo dos professores para despertar os alunos para a arte em sala de aula. “Queria trabalhar com a perspectiva de movimento, autoexpressão, autoconhecimento, mais saúde e felicidade, sem deixar de lado o foco inspirador e a preocupação com a natureza. As escolas não têm preparo, o governo não investe e ninguém tem paciência de estimular esse universo”, relata.

Durante mais de dois meses, a casa da companhia foi um motor home americano, fabricado em 1976, comprado em um ferro-velho e praticamente reconstruído para a aventura no cerrado. O lar sobre rodas ganhou cama de casal, beliche, guarda-roupa, mini sala, cozinha e banheiro pequeno. Mesmo completamente recauchutado, estragou em alguns pontos da viagem e obrigou a mudanças na rota.

O plano original era chegar a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, mas, por segurança, a companhia decidiu privilegiar o estado de Goiás. As cidades escolhidas foram Anápolis, Cocalzinho, Alto Paraíso, Aragoiânia, Rio Verde de Goiás, Bonfinópolis, Orizona e Silvânia, em território goiano, além de Anastácio, no Mato Grosso do Sul. Em cada uma delas, o veículo era estacionado em um lugar seguro, limpo e com água encanada, para garantir os banhos dos artistas. A rede de contatos foi estabelecida pelo Ponto de Cultura, projeto do Ministério da Cultura presente em milhares de cidades do país. Eliana e sua equipe dispararam e-mails a esses pontos e os escolhidos foram os mais interessados. A alimentação durante a estadia da equipe, de aproximadamente uma semana em cada lugar, ficava a cargo do município.

Magia

Uma vez acomodados, os integrantes da caravana davam início à vasta programação de encantos. Todos os dias, de manhã e à tarde, apresentavam o espetáculo Varal de histórias nas salas de aula de bairros carentes. A peça leva as crianças a uma viagem sensorial completa. Os atores entram, preparam um chá com ervas colhidas na cidade, “para espantar os males do corpo e contar histórias que curam o coração e alimentam a imaginação”, descreve Naira Carneiro, também atriz, filha de Eliana e integrante da caravana. Cantam, dançam, sapateiam, tocam instrumentos feitos de material reciclável e apresentam personagens, como um jacaré de madeira nadando em um rio poluído, e cabe as crianças escolher seu destino.

Outros personagens que inspiram a meninada são o circense Chiquinho Gira-Gira, que leva as crianças a inventarem as histórias de seus colegas de picadeiro, e dona Filó, uma senhora que mora na roça e relata as peripécias dos netos à plateia. “Quando visitamos comunidades indígenas, levamos uma boneca que vive em uma aldeia e conta os hábitos e brincadeiras locais”, descreve Naira. A interação começa quando os alunos são convidados a dançar e reproduzir movimentos vistos nas histórias dramatizadas. Eles também tocam instrumentos, aprendem a confeccioná-los e, por fim, fazem um desenho livre sobre o encontro com o grupo. São essas ilustrações que depois ficam expostas em varais na sala de aula.

Enquanto isso, os interessados podiam se inscrever em oficinas de iniciação musical e percussão, circo ou perna de pau. Os professores, além de receber orientações metodológicas, participaram de uma oficina sobre expressão, corpo e saúde, estendida também a agentes de saúde dos municípios. “São conceitos para os professores desenvolverem trabalho corporal na sala de aula. Trabalhar com arte afeta a saúde, por isso os agentes foram incluídos. Um deles achou que as atividades ajudariam no trabalho que ele faz com um grupo de hipertensos”, revela Naira. Nem só a comunidade acadêmica pôde usufruir do programa. Praças e espaços públicos da cidade também receberam apresentações de peças do grupo.

Durante o trajeto, um triste retrato da educação se revelou: além do despreparo do corpo docente, é preciso driblar as péssimas condições das escolas. “Encontramos estruturas destruídas, salas lotadas, escuras, sem ventilação. Professores com carga horária enorme e sem possibilidade de reciclar os conhecimentos. Uma escola na cidade de Silvânia tem verba anual de pouco mais de R$ 3 mil”, descreve Eliana Carneiro.

Mas a experiência também revelou a maior das recompensas – a satisfação das crianças. “Um menino me disse que aquele era o dia mais feliz da vida dele. Outra aluna me deu uma carta toda enfeitada de flores e teve uma criança que escreveu uma história para mim”, orgulha-se Naira. É essa retribuição que faz a trupe sonhar em manter o velho ônibus na estrada, estimulando artistas a se aproximarem cada vez mais da escola. “Nelas é que a gente vai realizar as transformações e os encontros”, acredita Eliana.

Companheiros

Além da diretora do grupo Os Buriti, Eliana Carneiro e sua filha Naira, a caravana contou com mais dois integrantes. Carlos Frazão, fundador da ONG Tamnoá – Tambores do Paraná, que desenvolve um trabalho musical com crianças da periferia acumulou as funções de motorista e professor de percussão. Nilo Carneiro, sobrinho de Eliana, filmou e fotografou a iniciativa.

Continuidade

O projeto foi selecionado pelo prêmio Myriam Muniz, concedido pelo Ministério da Cultura e pela Funarte. Mesmo com o fim do patrocínio, o grupo não pretende encerrar as atividades. Atualmente, estuda novos editais e busca apoio para seguir viagem. A próxima empreitada é levar o projeto para as cidades do Distrito Federal.

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Política da Cultura e Cultura na Política http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/29/politica-da-cultura-e-cultura-na-politica/ http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/29/politica-da-cultura-e-cultura-na-politica/#comments Wed, 29 Dec 2010 08:56:43 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=110251

Em um disco de 1969 Gilberto Gil cantava os contundentes versos: “a cultura, a civilização: elas que se danem, ou não”. O paroxismo da frase aponta tanto para o advento iminente do princípio da barbárie contemporânea quanto contém dentro de si a potência necessária para superá-la numa afirmação anárquica mas positiva de uma outra possibilidade de cultura e civilização. Não deixa de ser irônico que o mesmo autor da frase, mais de quarenta anos depois, assumiria o posto de Ministro da Cultura.

Sintomático que um dos artífices do tropicalismo, o principal movimento estético de vanguarda no Brasil na segunda metade do século XX tenha se embrenhado na política. Gil já havia dado mostras de sua disposição para o gabinete e o palanque em pelo menos duas ocasiões, quando assumiu como vereador em Salvador e depois como candidato a prefeito da capital baiana. Mas era ainda um laboratório do que estava por vir.

Incorporando elementos do movimento contra-cultural, uma das propostas mais caras ao tropicalismo foi, em última instância, a quebra de barreiras entre arte e política, entre intervenção social e cultura. Nesse sentido pode-se dizer que a realização do projeto tropicalista em seu sentido mais amplo, por mais desdobramentos que possa ter gerado, não estaria completa sem uma intervenção efetiva, ampla e incisiva no ambiente político-cultural do país.

O Ministério da Cultura por sua vez, a instância responsável pela elaboração e execução das políticas públicas para o setor no âmbito federal, sempre teve uma existência inexpressiva, primeiro vinculado ao Ministério da Educação, depois rebaixado a secretaria, por fim uma pasta sem recursos suficientes para garantir à população o direito constitucional de acesso aos bens e produtos culturais do país. Mais do que isso, um ministério que se escorou num único mecanismo de ação delegando a responsabilidade do fomento ao mercado e favorecendo grupos e agentes na base da política de balcão. Reflexo de um pensamento elitista que sempre pautou as políticas – ou a falta delas – para o setor.

Por tudo isso a nomeação de Gilberto Gil para o cargo de Ministro da Cultura equivale aproximadamente, na relação direta e proporcional entre as hierarquias governamentais, à própria eleição do presidente Lula. A dimensão simbólica do fato só encontra paralelo na história recente com a nomeação de Villa-Lobos para a direção da antiga Superintendência Educacional e Artística na era Vargas. Mas o gesto aqui é ainda mais amplo e o desafio mais complexo.

Em Salvador me disseram que Gil teria recusado o primeiro convite de Lula. O futuro ministro então ligou para o amigo e conselheiro Antônio Risério. Antropólogo especialista em cultura africana no Brasil, desafeto de ACM, referência intelectual dos tropicalistas, Risério teria dito em resposta: “vai ficar na Senzala, não vai entrar na Casa Grande?”. O sarcasmo da analogia em tom de desafio diz muito sobre as relações entre alta e baixa cultura e a disparidade nas relações de produção e consumo entre as diferentes classes sociais do país.

E se Villa-Lobos vislumbrou a realização de um projeto cultural de amplitude para o país com a implantação do canto orfeônico nas escolas públicas brasileiras durante a ditadura Vargas nos anos 40, o projeto de Gil propunha uma mudança de paradigma, uma inversão na forma de pensar e perceber a cultura brasileira. E mais, transformar essa visão em política de Estado! Não era pouco, mas de certa forma o embrião já estava todo ali no discurso de posse. Precisávamos definitivamente encarar a cultura como um fator estratégico para o desenvolvimento do país.

O fato é que o tema nunca esteve, até então, na pauta das discussões políticas com a devida importância. A despeito do acesso à Cultura ser um direito previsto na Constituição Brasileira de 1988 e dever ser assegurado a todos os cidadãos pelo Estado Brasileiro. A despeito ainda dos Direitos Culturais estarem previstos expressamente na Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, como fator de singularizarão da pessoa humana e comporem juntamente com os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos Sociais e Culturais a Carta das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário com posição ratificada em 1992. Para além do caráter simbólico e de sua importância para a formação da identidade brasileira, a cultura tem se mostrado como fator fundamental de desenvolvimento econômico gerador de emprego e renda. Acabamos de passar por uma crise financeira mundial no momento em que outra já se anuncia e o setor cultural foi um dos que mais demonstrou capacidade de reação e superação. Não é por acaso que é o setor da economia que mais cresce no mundo todo, de acordo com dados recentes do Banco Mundial.

Gil assume o Ministério em 2002 e parte de um germe plantado por intelectuais orgânicos – aqueles que colocam a mão na massa encefálica – ligados ao núcleo expandido do tropicalismo como Antônio Risério, Rogério Duarte, Wally Salomão, Jorge Mautner e o próprio Juca Ferreira conseguindo a adesão imediata de jovens criativos e bem preparados vindos de diversas partes do país que se entusiasmaram com a idéia. Entre eles o próprio Alfredo Manevy, atual Secretário Executivo recrutado das fileiras da crítica cinematográfica mais política e aguerrida.

Naquela ocasião não havia um projeto consistente do PT para o setor cultural. Isso fica claro ao analisarmos as propostas apresentadas pelo partido tanto nas eleições daquele ano quanto nas anteriores. Assim como o PT nenhum outro partido jamais apresentou propostas minimamente fundamentadas para o setor simplesmente porque jamais perceberam a dimensão do espectro cultural. Basta passar o olho nos programas de governo lançados pelos candidatos à presidência. Todos apresentaram, em linhas gerais, uma continuidade das políticas culturais implementadas na atual gestão, com ampliação dos Pontos de Cultura e revisão dos mecanismos de investimento público no setor.

A idéia-conceito que sustentou a implantação do Pontos de Cultura dá a dimensão da mudança paradigmática operada nesse período. Ao promover o encontro inusitado da simplicidade radical de uma tradição oriental secular com uma disciplina humanista relativamente recente do pensamento ocidental foi realizada uma síntese poderosa capaz de promover um movimento sísmico no Brasil profundo. O Do-in antropológico proposto pelo então Ministro em seu discurso inaugural, sugerindo uma massagem nos pontos nevrálgicos do país de forma a possibilitar que a energia dessas veias e artérias culturais ramificadas por todo o território fluíssem resultou em mais de cinco mil pontos de cultura espalhados por todo o país e uma tecnologia social que virou modelo e hoje é exportada para todo o mundo.

Mas não foi só isso, durante esses anos houve uma intensa movimentação, tanto em listas virtuais quanto em encontros presenciais de dezenas de milhares de agentes, entre eles artistas, produtores, pesquisadores, gestores, jornalistas e cidadãos em geral interessados em discutir políticas públicas para a cultura.  Foram organizados fóruns onde se discutiu exaustivamente cada ponto considerado importante nas respectivas áreas.  Mais do que simples consultas, as conferência de cultura se transformaram numa demonstração vigorosa do exercício democrático com a capacidade de anular, por si, qualquer possibilidade de clientelismo de um lado e de dirigismo por outro. Isso em cada setor, mas também transversalmente. A criação desse canal de interlocução inédito da sociedade civil com o governo por sua vez, impulsionou a criação de grupos, coletivos, associações e cooperativas em todos os cantos, que vieram respaldar e dar legitimidade aos fóruns. A fermentação dessa massa gigantesca resultou no Plano Nacional de Cultura, que por sua vez integra o Sistema Nacional de Cultura, com a proposta de implementação de ações coordenadas com ramificação nas esferas federais, estaduais e municipais.

Outro movimento importante foi a correção das distorções da famigerada Lei Rouanet com a criação do Procultura – Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura aprovado recentemente no Congresso Nacional. Um dos trunfos do programa é a criação de fundos setoriais – uma demanda antiga da classe artística – geridos a partir de colegiados e comitês formados por representantes da sociedade civil e repasse de verbas através de editais públicos com critérios claros e transparentes.

Vale menção ainda a consulta pública para revisão da Lei dos Direitos Autorais e toda a cruzada do Ministério da Cultura a favor da cultura livre, da ampliação do acesso à banda larga, a implantação do Vale Cultura, que deverá promover o acesso de uma parcela significativa da população brasileira a produtos e bens culturais e a articulação da Proposta de Emenda à Constituição n° 150, de 2003, a PEC da Cultura, com elevação dos patamares orçamentários nas três esferas do poder.

Claro que ainda falta muita coisa! Ressentimos por exemplo a inexistência de indicares para um diagnóstico mais preciso sobre as atividades culturais no país, que movimentam milhões mas estão pautadas em sua grande maioria pela informalidade;  a revisão do enquadramento jurídico e dos encargos tributários para as empresas e profissionais do setor artístico; a reestruturação da Funarte e a criação das agências para cada setor; enfim, ainda há muito trabalho pela frente.

Mesmo as críticas tem sido absorvidas e debatidas publicamente em várias ocasiões. Muitas delas, cabe dizer, vindas de lobbies e grupos que viram seus interesses ameaçados, que tentaram desqualificar as propostas a priori com receio de que as mudanças – principalmente a revisão da Lei Rouanet e a reforma da Lei do Direito Autoral – interferissem nos lucros e privilégios adquiridos durante anos de limbo. Mas, de todas as críticas, uma ganhou destaque na imprensa e merece atenção especial aqui pela importância do interlocutor e sua posição estratégica em meio ao processo como um todo. Caetano Veloso foi um dos críticos mais contumazes da gestão, manifestando publicamente seu descontentamento com os rumos das políticas do Ministério da Cultura e com as posições defendidas pelo ministro. Mas foi o próprio Caetano quem declarou certa vez que “Rogério Duarte disse numa louca conversa em 68 que Gil era o profeta e eu apenas o seu apóstolo.” O caráter profético da máxima ganha contornos inusitados quarenta anos depois.  O fato é que o próprio Caetano reconheceu, ao fim do mandato do colega de Tropicália e importância de sua passagem pelo Ministério da Cultura, a projeção e destaque alcançados por um Ministério antes invisível. Mas no momento em que Caetano defende a liberação do iTunes para venda de músicas online no Brasil em seu artigo semanal no jornal O Globo ele efetivamente se torna um apóstolo de Gil na sua cruzada pela cultura digital. Gil foi o primeiro artista do primeiro escalão a perceber as mudanças na estrutura de funcionamento da indústria fonográfica e investir num novo modelo de negócios. Disponibilizou arquivos para download gratuito e defendeu a flexibilização do direito autoral; fez as primeiras transmissões ao vivo pela internet e foi também pioneiro na utilização de plataformas 2.0; incorporou os princípios do software livre e da economia criativa não só ao seu discurso mas à sua própria obra.

Mas há pelo menos mais dois fatos que chamam a atenção neste momento. O primeiro é a disputa, até então inédita, pelo cargo de Ministro da Cultura. Eu já acompanhei pela imprensa a citação de pelo ao menos duas dezenas de nomes cogitados para assumir a pasta no novo governo. Até muito pouco tempo não havia o menor interesse, nenhum partido disputava a cultura, era perfumaria, moeda de troco na barganha dos ministérios -  como infelizmente ainda acontece em muitas secretarias e fundações em municípios e até estados.

Outro fato interessante é que a partir de 2011 o ensino de música volta a ser obrigatório nas escolas brasileiras, em cumprimento à lei sancionada em 2008. Reivindicação legítima e urgente da classe musical, o ensino de música nas escolas deve exercer a médio e longo prazo um impacto imenso no perfil dos consumidores e na qualidade da produção de um país que já é reconhecido como um dos mais musicais do planeta. É inevitável pensar no arco que vai do canto orfeônico nos anos 40, passa pela reformulação curricular durante a ditadura militar – que excluiu o ensino de música e reduziu a carga-horária e a importância das disciplinas ligadas às artes e humanidades em geral -, e o retorno do ensino de música ao currículo obrigatório. Nesse intervalo entre a atuação de Villa-Lobos e a gestão de Gilberto Gil / Juca Ferreira a cultura parece ter assumido uma dimensão política até então inimaginável.

Graças a essa nova configuração estamos a caminho de realizar em ato, nos próximos anos, as potencialidades do Brasil transformando-o em referência na produção e no acesso a uma das matérias mais sofisticadas do intelecto humano, que é a arte e a cultura. Agora portanto é bola pra frente, não é possível mais recuar!

* Makely Ka é compositor, lançou os discos Autófago e Danaide e o livro Ego Excêntrico e atualmente é presidente da COMUM (Cooperativa da Música de Minas).

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Fragilidade institucional do MinC será desafio, diz Juca http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/23/fragilidade-institucional-do-minc-sera-desafio-diz-juca/ http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/23/fragilidade-institucional-do-minc-sera-desafio-diz-juca/#comments Thu, 23 Dec 2010 15:37:15 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=109946 Fragilidade institucional do MinC será desafio, diz Juca

DA ENVIADA AO RIO

Juca Ferreira não escondeu de ninguém o desejo de permanecer no Ministério da Cultura. Não conseguiu. Depois de dois dias de recolhimento, Ferreira falou à Folha, por telefone, pouco antes da primeira entrevista coletiva de sua sucessora. (APS)

Folha – Como o senhor recebeu a notícia de que sairia do ministério?

JUCA FERREIRA – Com tranquilidade. Não há choque. A política tem vários elementos e sua resultante é produto de várias opiniões e determinações. Nunca trabalhei com a ideia de que era natural que fosse eu o ministro. Mas havia um reconhecimento da área cultural de que a continuidade podia ser boa.

O fato de o senhor não ser do PT pesou na decisão?

Pesou. O tempo inteiro foi dito que eu não tinha um partido por trás.

Muita gente enxerga, por trás da escolha, a retomada do projeto inicial do PT, parcialmente abandonado quando Gilberto Gil assumiu. O senhor acredita que a nova ministra retomará o

Programa petista para a cultura?

É difícil me transportar para o lugar dela. Falei com ela ontem para marcar uma reunião e ela se mostrou muito positiva em relação ao que foi feito até aqui. Estarei com ela na segunda, em Brasília, e aí vou ter contato pela primeira vez com as ideias dela.

Quais são os principais problemas que ela vai enfrentar?

O ministério, no governo Lula, saiu do quase nada para alguma coisa. Brinco que, de um a cem, caminhamos 36,7. Temos uma fragilidade institucional. Ela terá que enfrentar algumas questões administrativas e aprofundar as políticas.

Qual a melhor herança que a sua gestão deixa?

A criação de um diálogo com o meio cultural.

E qual a maior frustração?

Ah, são tantas… Mas frustração é uma palavra forte, até porque saio com a sensação do dever cumprido. Se tivéssemos sido sensatos, não teríamos chegado onde chegamos. Mas bibliotecas continuaram sendo fechadas. Abrimos milhares de bibliotecas, modernizamos e zeramos o número de municípios sem biblioteca e, pela pesquisa do IBGE, descobrimos que ao menos 300 fecharam.

Além das reformas da Lei Rouanet e do Direito Autoral, o que o ministério terá de enfrentar?

Antevejo a necessidade de uma reforma profunda na Funarte, que é desaparelhada, desestruturada e ainda está num nível primário de formulação das políticas.

A Funarte também foi o centro de um conflito político do Ministério com o Antonio Grassi.

Prefiro não falar disso.

Quais são os seus planos?

Não tenho planos. Vivo do que eu trabalho. Vou ver qual é a melhor proposta de trabalho. Mas a assembleia familiar manifestou o desejo de continuar em Brasília.

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”Fui escolhida pelo meu trabalho, não se tocou no nome do Chico” http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/22/fui-escolhida-pelo-meu-trabalho-nao-se-tocou-no-nome-do-chico/ http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/22/fui-escolhida-pelo-meu-trabalho-nao-se-tocou-no-nome-do-chico/#comments Wed, 22 Dec 2010 18:54:08 +0000 Comunicação Social/MinC http://www.cultura.gov.br/site/?p=109903 Roberta Pennafort / RIO

Quem é irmã de Chico Buarque sabe que vai carregar o aposto por onde for. Como artista, produtora e funcionária da cultura, Ana de Hollanda viveu isso. Mas afasta ilações de que o parentesco com o maior entre os artistas que apoiaram Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral tenha contribuído para a escolha de seu nome. E também não vê embaraço no fato de parte da classe ter pedido a permanência do atual ministro, Juca Ferreira. Ela falou ao Estado ontem de manhã.

Incomodou a alusão ao apoio de Chico a Dilma?

Sempre falam, não tem jeito: tudo vai lembrar Chico. Dilma não tem nenhuma dívida com ele. O apoio que ele deu foi muito real, firme, convicto, não teve outras intenções. Na conversa com Dilma, não se tocou em Chico. Foi realmente pelo meu trabalho.

E a história de que “não se deve nomear quem não se pode demitir”, frase de Lula lembrada ontem quando seu nome saiu?

Tenho certeza de que se ela não gostar de alguma coisa, vai puxar minha orelha. Tem que ser assim mesmo.

Como recebeu o convite?

Fui chamada a Brasília no sábado à noite. Fiquei muito emocionada. Ela me passou uma confiança muito grande no meu trabalho, já tinha informações sobre minha vida toda.

Qual é o maior desafio?

É um desafio enorme. É preciso atender às demandas da área cultural e da sociedade como um todo. O ministério está atuando no Brasil inteiro. Isso eu achei que foi um grande passo que já foi dado nas gestões anteriores, Gil e juca. Esse trabalho é fantástico e o desafio também é dar prosseguimento, dar um passo à frente. É aqui que vou me ater.

Você vem da Funarte. A área das artes é das que precisam avançar, como já disse Juca?

Seria precipitado dizer onde vai ter que ter olhar especial. É claro que a Funarte, que trabalha diretamente com as artes, é uma prioridade para mim.

Causa algum tipo de embaraço o fato de parte da classe ter lutado pela permanência de Juca?

É natural que as pessoas tenham suas preferências. Não é algo que me assuste. A gente sempre tem que ter renovação. Uma hora também vou sair e vêm outros que podem dar outro olhar. Eu vou trabalhar com todos, não tenho que pensar em grupo aqui e ali. Não sou mágica, mas sinto que vou poder responder.

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