Espetáculo ‘Mixtu’ é contemplado no Prêmio Hip Hop 2010
Depois de quatro anos de trabalho e contabilizando mais de 70 apresentações pela região, pode-se dizer que o espetáculo Mixtu, mantido pela Secretaria da Cultura de Caxias do Sul, já se consolidou como uma proposta cultural séria e duradoura. E agora, um pouco antes de terminar 2010, uma distinção vem alicerçar ainda mais o projeto. Mixtu foi um dos 135 contemplados com o Prêmio Hip Hop Edição Preto Ghóez, promovido pelo Ministério da Cultura (MinC).
- Esse é um espetáculo que mostra a possibilidade de transformar manifestações individuais da cultura popular em produto artístico. Em Caxias, tem sido um espelho para que mais pessoas acreditem na possibilidade de avançar nessa proposta cultural – comenta o diretor do Departamento de Arte e Cultura Popular da secretaria, Elvino Santos.
O espetáculo cênico-musical concorreu na categoria Conexões, justamente por cruzar o hip hop com outros elementos da cultura popular como samba, maracatu e baião, entre outros. Mostrar a diversidade, aliás, sempre foi um objetivo do grupo. A mistura também é o que garante a contemporaneidade da concepção artística de Mixtu, já mostrada em teatros, em palcos de centros comunitários e até mesmo em ruas e praças.
- Quando nós iniciamos o projeto, reunimos pessoas de diferentes referências culturais e formações. Pedimos para trazerem o que faziam, uma levada, um ritmo, uma música. Então fomos incorporando fragmentos dessas manifestações. Sabíamos da existência de muitas culturas ou raízes circulando que nem sempre estão presentes na “fachada” de uma cidade com colonização italiana. A diversidade sempre foi o nosso fio condutor – diz a coordenadora artística do Mixtu, a bailarina Carine Turelly.
Atualmente, 16 pessoas estão envolvidas com o espetáculo, entre bailarinos e músicos (DJs, MCs, cantores, violonistas e percussionistas). Eles integram o Grupo de Criação e Pesquisa em Cultura Popular. Porém, a formação do Mixtu já mudou bastante, assim como o próprio espetáculo.
- Ele sempre acaba se transformando. Trabalhamos para que possa crescer e se solidificar enquanto grupo, não somente como um projeto da Secretaria da Cultura - diz Carine.
O prêmio de R$ 13 mil concedido pelo MinC vai contribuir para isso. O valor será investido na divulgação do espetáculo e na compra de figurinos, instrumentos e equipamentos de sonorização, iluminação e composição cênica.
- O prêmio vai nos ajudar a melhorar a estrutura e representa também um reconhecimento aos artistas de periferia – diz o MC Alexsander Ramos, 28 anos, mais conhecido como Leleco, um dos únicos a integrar o projeto desde o início.
- Preto Ghóez – foi um poeta e rapper maranhense. Vocalista do grupo Clã Nordestino, Ghoez era um dos líderes do Movimento Hip Hop Organizado do Brasil (MHHOB). O rapper passou parte da infância nos mangues, vivendo da pesca de caranguejos. Foi interno da Febem, onde iniciou o desenvolvimento de seu trabalho musical. A partir daí, ajudou a organizar o movimento hip hop nas regiões Norte e Nordeste. O músico morreu em um acidente de carro, em 2004.
- Prêmio Hip Hop – esta foi a primeira edição do edital, criado pelo Ministério da Cultura para premiar iniciativas voltadas para a promoção e o fortalecimento da cultura hip hop no Brasil.
Números
Ao todo, 1.100 propostas foram inscritas nas cinco categorias do Prêmio Hip Hop 2010. Somente 135 foram contempladas. Cada uma receberá o valor de R$ 13 mil, totalizando um investimento de R$ 1,75 milhão pelo MinC.
Participação do Leitor