Ministério da Cultura Brasil

Histórias contadas por palavras, gestos e criatividade

Por Fernanda Araújo

Não é tão fácil quanto parece. Para contar uma história e prender a atenção do ouvinte, é preciso mais do que um bom texto. É preciso incorporar personagens, construir imagens a partir da expressão corporal, enfim, elaborar uma narrativa que transporte o ouvinte para dentro da história. Essas foram palavras de Maurício Rocha, que coordenou a oficina de Contação de Histórias – “Das histórias para a história”, na manhã de 28 de novembro, durante a etapa BH do Circuito Interações Estéticas, na Funarte MG.

Mesmo tendo ouvido atentamente as orientações de Maurício, não foi fácil ficar no meio da roda contando uma história. O acanhamento, o despreparo, a ansiedade e as “mãos atadas” fizeram com que minha narrativa não chamasse tanta atenção. Foi quando Maurício disse: “Não há história de mãos atadas. As mãos também falam”.

Oficina de Contação de Histórias

E falam mesmo, pelo menos na história de Tiradentes apresentada em uma versão diferente da oficial, as mãos fizeram toda diferença para a construção do que era contado. Na adaptação criada por Maurício Rocha, após a morte de Tiradentes, Eugênia, sua suposta namorada, rouba a cabeça dele para amenizar seu sofrimento. O sumiço da cabeça de Tiradentes permitiu a construção de uma narrativa baseada no imaginário. Aproveitar as deixas simbólicas de um acontecimento e criar uma nova versão foi uma das dicas de Maurício para se construir uma história.

Maurício contou ainda sobre a importância de se pensar em uma estrutura narrativa composta da apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho, chamada de “ciclo do herói”. Mas não é preciso ficar amarrado à estrutura, o texto deve fluir de acordo com a imaginação do contador.

Fio condutor

A descrição detalhada do local e dos personagens é importante, mas o sucesso da contação de uma história depende da ação dos personagens e da atuação do narrador para captar a atenção dos ouvintes. A ação deve ser contínua como um fio condutor da história, e o narrador deve saber articular seu principal recurso: a voz.

O narrador pode utilizar recursos e fazer intervenções a fim de deixar a história mais interessante. Cantar, dançar e tocar algum instrumento são recursos que podem ser integrados, ajudando a movimentar a narrativa e a construir as cenas e os personagens. Após o desfecho pode ser usada uma frase de encerramento. Maurício utilizou uma frase de Luiz Cascudo, que também vou usar para encerrar este texto:

“Assim como encontraram, tal qual eu encontrei,

Assim me contaram, assim vos contei.”


Participação do Leitor


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